sexta-feira, 21 de março de 2014

A CUT E SUA DESCARACTERIZAÇÃO

Vários Sindicatos estão em todos os cantos do País, realizando processos de desfiliação de uma das maiores Centrais Sindicais, a CUT- Central Única dos Trabalhadores-. Em Limeira o maior Sindicato da cidade o dos Metalúrgicos iniciou um ciclo de debates em sua base com a franca intenção de se desligar da Central, da qual é ligado oficialmente desde 1987.

Os argumentos dos pró desfiliação, é basicamente de que a CUT abandonou seus princípios como a Independência de Classe, a Luta pelo Socialismo, a pluralidade de concepções, o respeito ao pensar diferente. Dizem mais os partidários da saída, que a capitulação a um Sindicalismo de negociação e que abandona os caminhos da organização e da luta, já dava sinais no inicio dos anos 90, quando um processo de expurgos internos, de alianças patronais e de abandono de bandeiras consideradas como estratégicas, na luta de classes estavam impregnadas na maioria dirigente da Central.

Desde aqueles anos quando militava no Movimento Sindical, tinha claro que a CUT já não representava aquele instrumento sindical que ajudamos a construir. Os anos de ditadura foram terríveis para os trabalhadores. Primeiro as intervenções e prisões de lideranças sindicais, com a colocação de sindicalismo atrelado aos patrões, o famigerado Peleguismo. Terceiro a perda constante do poder aquisitivo e varias recessões econômicas, que aumentaram a miséria no País.

A CUT foi gestada ainda no clima da repressão. Foi a partir das lutas contra a Ditadura que foi concebida a necessidade de se criar uma ferramenta capaz de unir os trabalhadores do campo e da cidade, independente credos, sexo, opção partidária. Que geraria através da liberdade de organização, romper com a estrutura fascista de Vargas, que engessava os Sindicatos e desunia as classes trabalhadoras. E mais nascia sob o signo de transformar a sociedade, em um regime sem explorados e sem exploradores.

Desde os CONCLATS- Congresso Nacional das Classes Trabalhadores-, iniciado no auge das greves do final dos anos 70, era muito forte esta tendência de fundação da Central, organismo de unificação da Classe e de construção de um Novo Sindicalismo. A CUT foi criada em 1983, em São Bernardo do Campo. Mais de 3mil delegados afirmaram estes princípios e objetivos. Se acercaram de que podiam ser a novidade no aspecto sindical. A novidade inclusive ao Sindicalismo Tradicional da Europa e dos Estados Unidos, atrelados o primeiro á Partidos Políticos, o segundo a máfias empresariais e do submundo.

Mas perdeu a CUT sua identidade. O Governo Lula veio e a Central já combalida pela sua descaracterização política, se transforma na correia de transmissão governamental e de um único Partido o PT.


Vejo que o Sindicato dos Metalúrgicos estão no caminho certo. No entanto, não se pode cair na armadilha do gueto, ou da Partidarização que se transformaram Sindicatos e Centrais. Conheço o Sindicato de Limeira, e sei que alguns dirigentes estão refletindo exatamente no sentido inicial da CUT. Construir uma alternativa autônoma e de independência de Classe.