Fui acusado na rede social
de não ser patriota, por primeiro ser de um partido político, segundo de não
rezar a cartilha das mídias que insistem em defender um modelo de País próximo
ao que as elites e parte das classes médias adoram. Concentração de renda,
privilégios e benesses para os endinheirados e candidatos ao status quo. Fiquei
a matutar com meus botões ou meus velcros, sobre esta coisa de Pátria.
Nasci em 1962, dois anos
antes do golpe militar de 1964. Fui entender o País e o mundo quando me
alfabetizei. Naquele tempo o ensino fundamental era dividido entre o primário e
o ginásio. Me lembro que ao chegar a escola, éramos conduzidos até o pateo da
escola, a formar uma fila indiana. Lá com as mãozinhas no coração cantávamos o
hino nacional, sem entender bulhufas do que se tratava. No final a Diretora da
escola fazia seu pronunciamento, quase sempre com broncas e anúncios de
proibições, isto não pode, aquilo é proibido e por aí por diante.
Aí íamos para as salas de
aula, em fila, quietos, quem ousa-se dar um pio tomava um pito e até um safanão
dos antigos inspetores de alunos (X 9). Ao chegar na porta da sala, só
entravamos na chegada da Professora. A maioria altiva e imponente, nos
convocava a entrar. Porem só nos sentávamos, quando ela permitia. Em pé rezávamos
um pai nosso, uma ave Maria, olhando para o retrato do Presidente Militar de
Plantão. No currículo, tínhamos a disciplina de Educação Moral e Cívica, um
Festival de defesa do tal Patriotismo.
Defender a Pátria nada mais
era que respeitar a ordem ditada pelo regime dos Generais.
Na Televisão, via-se
propagandas que caminhavam para este ideário. O lema Brasil: Ame ou Deixe-o, é
o retrato desta patriotada sem limites. O recado era exatamente para os que não
concordavam, com a repressão, com a censura, com as torturas, com o falso
milagre econômico. O Patriotismo da Ditadura Militar, colecionou anos de atraso
ao desenvolvimento politico, social e cultural do País.
E hoje escuto e vejo,
garotos e garotas, com enorme déficit de leitura, vidrados em uma mídia comprometida
com o grande Capital, que vocifera, que ser Patriota é defender politicas de
exclusão, de ódio e de segregação. Ser Patriota para muitos desta geração, que
varia em média de dezesseis a vinte anos, é condenar o diferente, o
contraditório.
Eleger antigos algozes deles mesmos como ídolos. Ter na agressão
física e verbal, a forma de “superar” divergências.
Não há como defender
posições tão reacionárias e atrasadas. No Brasil não á Pátria, há povos e suas
culturas e Histórias, unificados sim por uma Nação que os acolheu. A Pátria é o
lugar que eu vivo. São as gentes que eu convivo. Não são símbolos de uma
minoria dominante, que idealizou uma concepção excludente.
Não sou Patriota. Sou
Internacionalista.