Que beleza é saber seu nome
Sebastião Rodrigues Maia. No
começo me deram o apelido de Babulina, por conta da canção Bop-A-Lena. Nos Sputniks eu era o Tião. Mais tarde o
Imperial (Carlos), disse poe o Tim, Tião não dá né. Aí ficou Tim Maua
Sua origem, seu passado
Tijuca Zona Norte do Rio.
Tião Marmita era conhecimento pela rapaziada que escutava, Elvis, Chuck Berry e
outros, pois entregava as quentinhas que minha mãe fazia. Em resumo: Preto,
Gordo e era pobre.
Eu sou canário do reino
Mas num é. Cansei do Rio, não conseguia nada. Queria ser cantor. O Roberto se deu bem nas minhas custas. Sou cantor do mundo do reino
E canto em qualquer lugar
Fui pros States. Lá descobri
um bagulho de som diferente. Era musica feita por Preto pra preto cantar. Me
amarrei. Estudei a língua, escrevi umas musicas e cantei por lá. Mas a dureza,
me atrapalhou. Dei uma errata e fui em cana. Aí os Gringos me mandaram embora.
E na vida a gente, Tem que
entender, Que um nasce pra sofrer, Enquanto o outro ri
É Brothers, foi foda voltei
pro Brasil pra Tijuca. Barra pesadíssima. RC virou as costas de novo. E aí
duro, cai na lábia de um malaco e fui ver o sol nascer quadrado de novo. Era
ditadura, fui torturado pacas. Saí e conheci um broto, lindo, mas me esnobou,
sofri pra cachorro.
Mas quem sofre, Sempre tem
que procurar, Pelo menos vir achar, Razão para viver.
Um dia conheci Fabiano,
cantor assim como eu. Cara gostava de música negra. Tava acontecendo e deu a
mão, o pé o corpo todo pro gordo aqui. Uma gauchinha, pimentinha mesmo ouviu um
disquinho meu com uma música em inglês. Apaixonou e gravou. O Brasil começou a
conhecer o gordo, preto, porem não tão pobre mais.
Quando o inverno chegar, Eu
quero estar junto a ti, Pode o outono voltar, Eu quero estar junto a ti.
Com Janaina Mon Amour, a
vida ficava mais fácil e linda. Veio o primeiro Long Play, todo suingado, preto
mesmo. Cassiano, o cara, me deu um presente, Primavera tocou até em comercial
de cobertor e biquíni.
Meu amor, Hoje o céu está
tão lindo (vai chuva)
Bicho fui pra uma temporada
em Londres, curtir a terra dos Stones. Dei um abraço de urso no Cae e no Gil.
Os caras tavam mal, meu. Tentamos fazer música mas não deu. Só curti, bebi e
fumei os Baurets chiques da terra da Rainha. Mas Jana, pirou e quis vir embora.
A cultura racional, É
cultura sem igual, É cultura do desencanto, É cultura transcendental
Egoísta o mundo de achar que
só tem vida aqui, né. Aí vi uns caras legais, com um troço de Cultural
Racional. Larguei cigarros, bauret, bebida, deixei até de dar uminhas. Não quis
mais ser empregado de gravadora que quer o seu sangue e que você grave merda só
pra vender. Criei o bagulho Seroma, amores ao contrario e abreviação da puta do
meu nome de Batismo. Gravei dois discos mensagens para se conectar (naquele tempo
não tinha esta expressão, OK?), com os marcianos.
Não quero dinheiro, Eu só
quero amar, Amar
Mais num é que o mestre da
porra da seita, era um charlatão? Saí daquele negócio. Voltei ao cigarro e a
Janaina. Mas ela....me deixou pela terceira vez, com o Leozinho pra criar.
Morri de novo.
O que eu
quero? Sossego!
Mas não é o
que todo mundo quer?. Sossego, levar a vida numa boa?. Comi o pão que o diabo
amassou, depois que a Jana me deixou e os problemas de grana. Mas o Gordo aqui,
não nega a raça, sempre vai a luta. Fiz uns discos bacanas, na onda da
Discoteca, de baile, de festa mesmo. Sossego, Vale Tudo, Do Leme ao Pontal e
por aí afora Brother.
Como vai,
meu velho camarada?
A Saúde não
tava legal, não. Voltei a beber pacas, meu filho. Mas criei uma super banda, A
Vitória Régia, que me acompanhou até o fim. Camaradinhas dos Bons. Fizemos até
um selo novo, com a marca da Banda. Me enchi de novo com gravadoras. Gravei só
o que eu queria. Bossa Nova, disco só com os clássicos da música preta. Até um
comercial botaram uma gravação minha do Genial Lulu, Como uma Onda, mas não é
que tocou pra caramba nas rádios?.
Quanto
tempo eu não vejo mais você
Saudades do
Hildon, do Cassiano, do Fabiano. Foi legal, o disquinho dos Camaradas. Vocês
nunca me abandonaram, nem nas vacas magras, nem nas gordinhas. E o outro
Babulina lá da Tijuca. O Sindico agradece Jorge do Bem Jor.
O Márcio Leonardo veio na
Seroma pra brincar!, O Márcio Leonardo veio na, Seroma pra tocar,
seu violão, seu piano!
Olha bicho, foi legal, o
leozinho, não quero nem saber o biológico dele. O cara é e sempre foi meu
filho. Ele lá brincando na gravadora, de ser cantor. E hoje o neguinho canta.
Maior barato.
Telmo! Tell me what to do?, Telmo! Tell me what to say, cause I don't know!
Errei o nome do Rebento? Pra
mim é o Telmo, camarada, dos bons. Gosto de filhos, crianças, meu reino
encantado, foi duro larga-las.
Toda verdade deve ser falada,
E não vale a gente se enganar
Sempre fui bocudo. Nunca
deixei de falar o que dava na telha. Muito carinha aí, não gostava do gordo,
por isto. Sou o que sou (risos)
Não vou ficar, não, Não
posso mais ficar, não, não, não
Queria ficar, mais uns
duzentos anos, tipo Matusalém, saca bicho. Mas o Tião, foi chamado sabe-se por
quem né. Mas fui dessa pro fundo da terra cantando, porque feito Canário do
Reino, meu negócio é cantar.
PS1: Utilizei trechos das seguintes
canções do repertório do Tim: Imunização Racional, Canário do Reino, Azul da
Cor do Mar, Primavera, Cultura Racional, Não Quero Dinheiro, Sossego, Velho
Camarada, Marcio Leonardo e Teo, Não vou ficar.
PS2: Todas as informações
foram baseadas no livro do Nelson Motta, Vale Tudo.
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