domingo, 4 de agosto de 2013

PENSANDO E REPENSANDO O SINDICALISMO- PARTE I

Militei no Movimento Sindical, por mais vinte anos. Iniciei ainda em 1981, quando uma oposição de esquerda ao Sindicato dos Metalúrgicos, foi denunciada (Até hoje não se sabe por quem?), aos Patrões e todos foram demitidos. Eram tempos difíceis ainda de Ditadura. Tínhamos que se organizar em segredo, as escondidas nos salões de igreja, e na fábrica, no bochicho e pé de ouvido. Naquele período, os Sindicatos quase todos tinham dirigentes, ou acomodados na máquina ou indicados pelo Regime. Eram os tempos do Peleguismo, onde o desrespeito aos direitos trabalhistas e a repressão á quem se atreve-se a reivindicar, era perseguido.

Os anos 80, impingiram um Sindicalismo, com três desafios. O primeiro recuperar as entidades sindicais, tira-las da diretorias descompromissadas com os interesses dos trabalhadores. Fundou-se a CUT, e esta central foi fundamental naquele momento, na formação de Oposições Sindicais, que venceram inúmeras eleições em todo o Brasil. O segundo, a luta por reivindicações imediatas. Vivíamos os tempos de Recessão e Arrocho Salarial, agravados com dezenas de pacotes econômicos que apertavam o cinto dos Trabalhadores e diminuía o poder de compra. O terceiro desafio de construir um Sindicalismo classista e que aponta-se através das lutas uma nova sociedade.

Os anos de 1980, foram sem dúvida de resistência e de recuperar direitos. Havia necessidade de ser daquela forma. Os resquícios da Ditadura ainda eram frescos, principalmente entre os patrões. Mas os anos 90, vão mudar aquilo que era queda de braço durante a década anterior. As lutas e a organização dos Trabalhadores força de certa maneira as grandes empresas a se reciclarem, a aceitarem a convivência com o Sindicalismo combativo, reconhecer inclusive que precisava cumprir leis e conceder avanços nos direitos. Mas dois fatos, vão ser decisivos para alterar a configuração no chão de fábrica e consequentemente o Sindicalismo Brasileiro. A Revolução Tecnológica iniciada ainda na década 70 e a diminuição de mão de obra em função da Automação.

As relações mudam. A Central única dos Trabalhadores, a mais combativa até então é a primeira a sofrer estas consequências, e os conflitos internos tenderam fortemente a aumentar. Passa a CUT, a abandonar um discurso de estratégia Histórica e de transformação, para um pragmático e em alguns momentos de colaboração com o empresariado. Esta “Tática”, passa a ser muito mais clara com a Eleição de Lula. As lutas praticamente se limitam a questão salarial e em categorias de serviço público ou de Histórico de organização. Não se apercebeu o Sindicalismo de esquerda e progressista que as mudanças nas fábricas e locais de trabalho, qualificaram a produção, mas geraram enormes problemas, que até então não se tinha conhecimento.

A desregulamentação do trabalho e de direitos se agravou. A terceirização da mão de obra e também a quarteirização, jogam milhares de trabalhadores, sem carteira assinada, sem benefícios, Plano de Saúde, INSS e outros. As novas tecnologias, obrigam os trabalhadores á se exigirem cada vez mais no local de trabalho, aumentando a competitividade entre os companheiros e diminuindo a solidariedade. Os problemas de saúde ocupacional, entre eles depressão, aceleraram neste período, onde o Assédio Moral é o mal deste século. Nas pequenas e médias empresas as condições de trabalho, ainda se apresentam como no século passado.

Se ocorram avanços em especial nas categorias com maior organização, hoje nos deparamos na era da informática, com exclusões sociais. É preciso refletir que não se pode abrir mão das lutas, mas elas precisam se repensadas quanto ao método. As empresas também necessitam, reciclar, principalmente as de menor porte. Mas este é assunto para o próximo capitulo sobre este tema.


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