Militei no Movimento
Sindical, por mais vinte anos. Iniciei ainda em 1981, quando uma oposição de
esquerda ao Sindicato dos Metalúrgicos, foi denunciada (Até hoje não se sabe
por quem?), aos Patrões e todos foram demitidos. Eram tempos difíceis ainda de
Ditadura. Tínhamos que se organizar em segredo, as escondidas nos salões de
igreja, e na fábrica, no bochicho e pé de ouvido. Naquele período, os
Sindicatos quase todos tinham dirigentes, ou acomodados na máquina ou indicados
pelo Regime. Eram os tempos do Peleguismo, onde o desrespeito aos direitos
trabalhistas e a repressão á quem se atreve-se a reivindicar, era perseguido.
Os anos 80, impingiram um
Sindicalismo, com três desafios. O primeiro recuperar as entidades sindicais,
tira-las da diretorias descompromissadas com os interesses dos trabalhadores.
Fundou-se a CUT, e esta central foi fundamental naquele momento, na formação de
Oposições Sindicais, que venceram inúmeras eleições em todo o Brasil. O
segundo, a luta por reivindicações imediatas. Vivíamos os tempos de Recessão e
Arrocho Salarial, agravados com dezenas de pacotes econômicos que apertavam o
cinto dos Trabalhadores e diminuía o poder de compra. O terceiro desafio de
construir um Sindicalismo classista e que aponta-se através das lutas uma nova
sociedade.
Os anos de 1980, foram sem
dúvida de resistência e de recuperar direitos. Havia necessidade de ser daquela
forma. Os resquícios da Ditadura ainda eram frescos, principalmente entre os
patrões. Mas os anos 90, vão mudar aquilo que era queda de braço durante a
década anterior. As lutas e a organização dos Trabalhadores força de certa
maneira as grandes empresas a se reciclarem, a aceitarem a convivência com o
Sindicalismo combativo, reconhecer inclusive que precisava cumprir leis e
conceder avanços nos direitos. Mas dois fatos, vão ser decisivos para alterar a
configuração no chão de fábrica e consequentemente o Sindicalismo Brasileiro. A
Revolução Tecnológica iniciada ainda na década 70 e a diminuição de mão de obra
em função da Automação.
As relações mudam. A Central
única dos Trabalhadores, a mais combativa até então é a primeira a sofrer estas
consequências, e os conflitos internos tenderam fortemente a aumentar. Passa a
CUT, a abandonar um discurso de estratégia Histórica e de transformação, para
um pragmático e em alguns momentos de colaboração com o empresariado. Esta “Tática”,
passa a ser muito mais clara com a Eleição de Lula. As lutas praticamente se
limitam a questão salarial e em categorias de serviço público ou de Histórico
de organização. Não se apercebeu o Sindicalismo de esquerda e progressista que
as mudanças nas fábricas e locais de trabalho, qualificaram a produção, mas
geraram enormes problemas, que até então não se tinha conhecimento.
A desregulamentação do
trabalho e de direitos se agravou. A terceirização da mão de obra e também a
quarteirização, jogam milhares de trabalhadores, sem carteira assinada, sem benefícios,
Plano de Saúde, INSS e outros. As novas tecnologias, obrigam os trabalhadores á
se exigirem cada vez mais no local de trabalho, aumentando a competitividade entre os companheiros e diminuindo a solidariedade. Os problemas de saúde
ocupacional, entre eles depressão, aceleraram neste período, onde o Assédio
Moral é o mal deste século. Nas pequenas e médias empresas as condições de
trabalho, ainda se apresentam como no século passado.
Se ocorram avanços em
especial nas categorias com maior organização, hoje nos deparamos na era da
informática, com exclusões sociais. É preciso refletir que não se pode abrir
mão das lutas, mas elas precisam se repensadas quanto ao método. As empresas também
necessitam, reciclar, principalmente as de menor porte. Mas este é assunto para
o próximo capitulo sobre este tema.
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