Esta Copa do Mundo, desde que comecei a acompanhar este certame, é sem dúvida, a mais contagiante e surpreendente. Se o nível técnico, não aponta para um time fora de série, como foram Hungria em 54, Brasil em 70 e 82, Holanda em 74, foge do Futebol burocrático, brutamontes e chato de dar sono. Com raras exceções, os jogos tem sido vibrantes, energéticos, daqueles, que só da para sair de frente do televisor no Intervalo das partidas. Todas as seleções estão jogando para frente, atacando buscando o gol.
Mesmo seleções tradicionais, por suas retrancas, como Alemanha e Itália, apresentaram até agora, um futebol ofensivo e cheio de gols. Não é a toa que a média de gol, tem sido três por partida. O futebol de resultados inventado nos anos 90, deu lugar para o jogo em busca da vitória. Com muita tática de marcação, mas com passes e lançamentos e chutes rumo ao gol e não toquinho pros lados e para trás.
Mas o surpreendente é a luta entre Davi e Golias, expressão utilizada pelo Jornalista Juca Kfouri. Os gigantes, estão caindo. Inglaterra, Espanha, Italianos, hoje só um milagre salva Portugal. E o mais hilário, a América Latina, é a protagonista, desta reviravolta na lógica e no normal de uma Copa do Mundo. E não me atento á Brasil e Argentina, pois dois Golias, que ainda não convenceram com um bom futebol.
To falando da Costa Rica, país pobre, exprimido por acordos econômicos predadores com os Estados Unidos. To falando do México, de Zapata e dos Zapatistas, que parou Neymar e CIA. Me refiro a Colômbia, amargurado pelo Narco Trafico e por uma Direita Neo Liberal e espoliadora. Mas meu destaque é o Uruguai, de Pepe Mujica e Eduardo Galeano, dois baluartes da Revolução Socialista.
Esta seleção parece que encarnou o espírito libertador latino América. Vi os Jogos, e me pareceu que o suor se transformava em sangue quente, sempre buscando as conquistas. Como se Simon Bolívar, Zumbi dos Palmares, Zapata e Dom Oscar Romero, tivessem renascido das cinzas e incorporado no Corpo de Luís Soares e seus companheiros.
Um Uruguai soberano e nunca submisso. Um Uruguai que é capaz de resolver feridas históricas de seu povo e que no campo de jogo, se traduz em raça e garra. A dentada de Luizito, pode ter sido irregular e violenta.
Mas os guerreiros também cometem excessos, erros, são humanos.
Mas o ato vampiresco não tira deste Uruguai, sua contribuição, a um Futebol, que expressa uma identidade Latina, movida por séculos de exploração de uma Elite Branca e violenta. Expressa um povo, que não se abata com agruras do poder. Se levanta, luta e conquista.