quarta-feira, 25 de junho de 2014

A MORDIDA DE LUIZITO E A ASCENSÃO DOS DE BAIXO


Esta Copa do Mundo, desde que comecei a acompanhar este certame, é sem dúvida, a mais contagiante e surpreendente. Se o nível técnico, não aponta para um time fora de série, como foram Hungria em 54, Brasil em 70 e 82, Holanda em 74, foge do Futebol burocrático, brutamontes e chato de dar sono. Com raras exceções, os jogos tem sido vibrantes, energéticos, daqueles, que só da para sair de frente do televisor no Intervalo das partidas. Todas as seleções estão jogando para frente, atacando buscando o gol. 


Mesmo seleções tradicionais, por suas retrancas, como Alemanha e Itália, apresentaram até agora, um futebol ofensivo e cheio de gols. Não é a toa que a média de gol, tem sido três por partida. O futebol de resultados inventado nos anos 90, deu lugar para o jogo em busca da vitória. Com muita tática de marcação, mas com passes e lançamentos e chutes rumo ao gol e não toquinho pros lados e para trás.

Mas o surpreendente é a luta entre Davi e Golias, expressão utilizada pelo Jornalista Juca Kfouri. Os gigantes, estão caindo. Inglaterra, Espanha, Italianos, hoje só um milagre salva Portugal. E o mais hilário, a América Latina, é a protagonista, desta reviravolta na lógica e no normal de uma Copa do Mundo. E não me atento á Brasil e Argentina, pois dois Golias, que ainda não convenceram com um bom futebol.

To falando da Costa Rica, país pobre, exprimido por acordos econômicos predadores com os Estados Unidos. To falando do México, de Zapata e dos Zapatistas, que parou Neymar e CIA. Me refiro a Colômbia, amargurado pelo Narco Trafico e por uma Direita Neo Liberal e espoliadora. Mas meu destaque é o Uruguai, de Pepe Mujica e Eduardo Galeano, dois baluartes da Revolução Socialista.

Esta seleção parece que encarnou o espírito libertador latino América. Vi os Jogos, e me pareceu que o suor se transformava em sangue quente, sempre buscando as conquistas. Como se Simon Bolívar, Zumbi dos Palmares, Zapata e Dom Oscar Romero, tivessem renascido das cinzas e incorporado no Corpo de Luís Soares e seus companheiros. 

Um Uruguai soberano e nunca submisso. Um Uruguai que é capaz de resolver feridas históricas de seu povo e que no campo de jogo, se traduz em raça e garra. A dentada de Luizito, pode ter sido irregular e violenta. 
Mas os guerreiros também cometem excessos, erros, são humanos.

Mas o ato vampiresco não tira deste Uruguai, sua contribuição, a um Futebol, que expressa uma identidade Latina, movida por séculos de exploração de uma Elite Branca e violenta. Expressa um povo, que não se abata com agruras do poder. Se levanta, luta e conquista.

TORCEDOR DE BOUTIQUE OU DE ARQUIBANCADA?


A música ou grito de guerra, Eu sou Brasileiro, com muito orgulho e muito amor, entoado a exaustão durante esta Copa do Mundo é chato e nada tem a ver, com tradições futebolísticas. Ufanista , este hino, deveria ser usado, para decantar discursos nacionalistas e populistas, nunca para um campo de futebol. Trabalhei aqui já, de que não acredito nesta de que com a Seleção Brasileira em copas, á pátria esta de chuteiras. 

Esta canção, hino ou grito de guerra, foi apresentado por seu autor Nelson Biasoli, em concurso de enaltecimento ao nacionalismo. Concurso este organizado pelo Governo Federal em 1949. Algo típico daqueles tempos, de populismo Nacionalista. Isto nada tem a ver com Soberania e independência Nacional. Muito menos um jogo de bola, se decide o destino de uma nação, por mais que para nós Brasileiros, Futebol é cultura e tradição.

Futebol é entretenimento, é paixão e com a redemocratização do País, passou a ser elemento importante de inclusão a Cidadania. Musicas e gritos de guerra são comuns nos Estádios. Quem não esquece do Vamos Ganhá Porco, ou Somos um Bando de Loucos, Corinthians, Corinthians. Sem falar que o cardápio das torcidas é variado, sortido. Sobre sim uns palavrões, mas nada igualado a falta de respeito do TC dado a Presidente, na abertura da Copa.

Os gritos de guerra, traduzem uma orientação ao torcedor. Emocionar os jogadores em campo, ser o décimo segundo jogador. No Futebol e em quase todos os esportes, a Torcida não é mera espectadora, ela deve cumprir o papel de incentivadora de seu excrete. Ela participa, esta em uma arena, onde há uma luta no bom sentido. Esta uma tradição das velhas arenas romanas, onde se escolhia um gladiador a torcer.

Torcer, não é exprimir ódio ou fazer das arquibancadas palanques ideológicos ou eleitorais. Torcer é apoiar o time, com alegria e energia. O torcedor desta Copa, não é o do Futebol. Não tem o perfil, do torcedor que conhece cada canto do Estádio, que se familiarizou com ele. Como se o campo fosse a extensão de sua casa. 

O Padrão Fifa de Copa do Mundo, criou uma elite, mais preocupada em produzir Selfies do que com o jogo em si. A Copa do Mundo, com ingressos caríssimos, com a ausência de ambulantes, vendendo amendoim e Cerveja, afastou o Torcedor da Favela, da periferia. Afastou a emoção do campo e a alegria de torcer.

É preciso repensar o Futebol, combater o negócio a todo custo e restabelecer a magia não só no campo, mas nas arquibancadas.

A COPA DO MUNDO DO BRASIL


Copa do Mundo, para os Brasileiros, é como se a vida, resumi-se ao futebol. Como se tudo em volta, contas á pagar, trabalho, responsabilidades domésticas, escola e outros, não importassem durante um mês de bola rolando. É como se, todos os problemas da humanidade, se estancassem em nome do Deus da bola. Cada gol, é como um degrau rumo á felicidade. Se for de sua seleção, então é o ápice.

A cultura futebolística no Brasil, não escolhe com que material se faz uma bola. Pode ser de meia, de gude, de tampinha de garrafa, de capotão, de plástico. Mesmo com o advento da era da informática, o Futebol, não perdeu seu espaço. A pelada ainda é vista, em cada, campinho, de grama, chão ou areia, destes País. Novas e velhas gerações, se misturam, ao praticar o esporte bretão. Vale trave com dois chinelos ao chão, o importante é jogar.

A edição da Copa do Mundo, no Brasil, restabeleceu, esta paixão nacional. O grito do não vai ter copa e do TC das elites Brancas, fracassou. Doze dias de competição, o que se vê, é esta cultura do Oiapoque ao Chuí, contagiar a todos. O Nível técnico dos Jogos, tem sido espetaculares, embora não vimos ainda nada especial. Mas esta é Copa do ataque, do jogar para frente, da busca do gol, sempre. A retranca, o jogo burocrático, lento de dar sono, deu lugar, a velocidade, á emoção.

O futebol, é capaz de demonstrar as qualidades de um povo. Á despeito da péssima educação das Elites Coxinhas, a imensa maioria dos Brasileiros, pobres, negros, brancos, são solidários e receptivos. Os povos que aqui estão, não param de dizer que estão encantados com a forma como estão sendo recebidos, em cada canto de nosso território. Aqui a rivalidade é só futebolística. Não há racismo, xenofobia, baixo astral.

Mesmo as elites chinfrins e puxa saco dos Americanos, insistirem que o Brasil não é bom para se viver, não é isto que os estrangeiros aqui estão presenciando. A Copa apesar das lambanças da FIFA, não só acontece, como realmente mostra nossa cara.

A Copa do Mundo do Brasil, é nossa maior expressão de que um povo preserva sua cultura e sua identidade. O negocio Copa, deve ser rechaçado. Mas a beleza da bola rolando e a emoção do torcedor nas ruas, avenidas, estas não, devem ser celebradas sempre.

O ÓDIO DAS ELITES


Erra Lula quando diz que o xingamento a Presidente Dilma, na Abertura da Copa do Mundo, reflete o ódio das Elites Brancas ao Partido dos Trabalhadores. Erra (Intencionalmente?), setores destas mesmas elites, seja na imprensa, seja na Política, quando justificam o TNC Dilma, como parte da tradição Futebolística, depois que não colou, que o PT e a Presidente plantaram o que estão colhendo. 

Chamo de Elites, parte da Sociedade Brasileira, que detém e controla o poder econômico, mesmo não tendo o controle do governo. São estas elites, que dominam o sistema financeiro, industrial, comercial, que concentra a maior parte de terras do País e claro dona da maioria dos meios de comunicação. Como diria Marx, ter o poder, não significa, ganhar o governo. O Estado é mais amplo, compreende o poder econômico e militar.

Lula errou, pois há ódio sim, das elites, mas não é ao Partido dele. Afinal, porque teriam tanto rancor de um governo, que fez alianças com estes setores, dos quais os bancos, só para ficar em um exemplo, lucraram enormemente nestes doze anos de governo. O ódio, é aos pobres, as esquerdas, e a impossibilidade destas elites, não governarem para si mesmas neste século XXI.

Errados, estão também estas elites que depois do tiro no pé de xingarem a Presidente, responsabilizar o PT por isto. O equivoco, dos engravatados e coxinhas e agora o mundo conhece o que estas elites sempre foram violentas e ignorantes, esta em não reconhecer que apesar de lucrarem nestes anos, os pobres deixaram de ficar cada vez mais pobres. O equilíbrio ou a redistribuição (ainda pequena), aproxima e deixa acessível aos pobres, o direito de comer, vestir, comprar um carro. 

O ódio destas elites, é que elas não podem mais dizer que gostam de pobre, fazendo filantropia. Hoje os que viviam abaixo da linha da pobreza, já não são mais de 50 milhões como nos tempos de Tucanato. As madames, já não podem mais explorar suas empregadas. Tem que registrar em carteira e pagar no mínimo o salário mínimo. A Casa Grande esta ameaçada. A Senzala não esta contente com o Governo do PT, pois quer infra estrutura melhor, saúde melhor, educação melhor, mas sabe que a vida melhorou.

Já as elites, despejam ódio, pois os pobres podem frequentar e comprar nas lojas do Shopping. Podem os pobres, andar de avião, privilégio dos engomadinhos. Os pobres ainda compram no crediário, mas pagam direitinho, porque o emprego esta garantido. Ódio das elites Brancas, é porque negros, Gays, Mulheres, Crianças e Idosos da Periferia, vão as ruas reivindicar direitos e igualdade. Ao contrario das elites ressentidas, por perderem a força da Chibata.

Os pobres não precisam mostrar seu descontentamento com o Governo, se mascarando e quebrando tudo ou xingando as pessoas. A luta, a organização, são o forte do povo, não há ódio, há Amor pelo País.

A ARTE FEZ HISTÓRIA EM LIMEIRA

Foram um pouco mais de duas horas de espetáculo. Duas horas, em que as pessoas que estavam no Teatro não arredaram o pé, ficaram até o final. Senti uma emoção, que extrapolou ou posso compara-la a outros momentos impares em minha vida, como vencer as eleições para a Prefeitura em 2012.

O Espetáculo “ A Arte Vencendo o Medo”, realizado, sexta feira, dia 23 de Maio, no Teatro Vitória em Limeira, pretendia varias coisas. Refletir sobre os 50 anos do Golpe Militar no Brasil, suas consequências para a Democracia, a Liberdade e a Paz. Bem como o papel das Artes e da Cultura, na resistência a Ditadura, ao Terror e ao Horror. Foi mais que isto.

Uma garota ao me encontrar do lado de fora do Teatro, ela devia ter uns vinte e poucos anos, me disse assim “Obrigado, por me proporcionarem uma noite, onde aprendi a Amar ainda mais a Liberdade e o meu País”. Varias pessoas, nos dirigiram a palavra, contando Histórias daqueles tempos difíceis e cada quadro do Show, era um Flash Back, destas passagens pessoais. 

A emoção tomou conta do Teatro. O vídeo de oito minutos, abrindo a noite, mostrando cenas daqueles tempos de repressão, passando pelo Coral Thulany, que abrilhantou minha leitura da Crônica “ A Arte Vencendo o Medo”, com o Vocalize de Nos Bailes da Vida, com o público, batendo palmas foi hilariante. As apresentações musicais do Emanuel Massaro, com as poesias do Otacílio, bem como Raquel Pavanelli e sua Rosa Mistica: poxa me fizeram chorar.

Faço aqui um Agradecimento ao Emanuel pela generosidade em interpretar ao lado do Maestro Luciano, duas canções do mestre Taiguara, um dos homenageados da noite. Em função de uma Dengue, o cantor, filho de Taiguara, Lenine Guarani, não pode comparecer, ao Show.

E o final, hein? . Quem lá estava, pode assistir a montagem de “ A Longa Noite”, texto nosso. Julio Borgo, dirigiu nosso roteiro, fez varias pessoas chorarem ao conhecer ou relembrar dos tempos de Chumbo. Quando a CIA, Cênicos e Cínicos, chama o público para juntos dançarmos e festejarmos a Democracia ao Som de Dancing Days, tive outra certeza: Ditadura Nunca Mais, a Democracia é a porta da esperança da Liberdade e de dias melhores.

Quero agradecer a todos os artistas que participaram brilhantemente do espetáculo, aos técnicos e servidores do Teatro, a Minha mulher, filha e a companheira Angélica, que proporcionaram o lanche para todos lá nos camarins, ao Jornalista João Paulo Baxega, que fez a apresentação do Espetáculo. 

Em especial ás Entidades organizadoras, ACARTE, CAD, Mentes Brilhantes, aos Patrocinadores. Mas quero agradecer do fundo do coração, ao músico, compositor, escritor, amigo e vizinho Marcos Lima, que acreditou junto comigo, desde o inicio, que era possível através das Artes, resgatar a História, preservar a Memória e fazer Justiça, através da Verdade. 

E que venha uma segunda edição. Quem Sabe?