domingo, 14 de dezembro de 2014

DE BOLSONAROS Á ANITAS

Parte da mídia, Tucanos e Agregados, tem tentado trabalhar a agressão fascista do Deputado Federal Jair Bolsonaro a também Deputada e ex Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, como um caso isolado e de bate boca normal entre parlamentares, normal segundo estes interlocutores na vida legislativa. A frase “Não te estupro porque não vale a pena”, esta entendida como grave sim, mas não para cassação de mandato do referido Deputado, apenas cabe uma puniçãozinha.

A tratativa destes setores de direita e reacionários é mais uma vez, esconder o debate principal. Não se trata de focar nas atitudes e comportamentos de Bolsonaro, como que ao cassa-lo, estaremos extirpando da face da terra o Machismo, a Homofobia e a violência contra os pobres. O Deputado é um grão de areia perto da complexidade da questão. Até porque não é só ele que despeja ódio ou tem compreensão distorcida e ideológica sobre estes temas e em especial a questão de gênero.

Dois fatos me chamaram a atenção, nestes últimos dias. A cantora Anita, do chamado Funk Carioca, em um debate sobre preconceito e discriminação as mulheres no programa Altas Horas da TV Globo, teve uma participação digna de um show de horror. Sua justificativa para estupros e violência a mulher, é porque esta ultima provoca o sexo oposto. Na mesma linha e no mesmo grau de irresponsabilidade, o Reitor da maior Universidade Pública da América Latina a USP, declarou que não investigará os casos de estupros, pois as meninas da Faculdade de medicina, vestem trajes provocativos.

Estas manifestações de artistas, autoridades, políticos, jornalistas e outros, não são novidade em nosso País. Porem hoje com as redes sociais e a internet, elas são transparentes e nos chegam em tempo real. Temos condições de ver desnudado o que pensam as elites deste País. Diariamente órgãos de imprensa, através de programas de cheira sangue, fazem apologia a violência, inclusive focando nos pobres. É raro uma reportagem que foca no crime organizado e suas ramificações, provadas já virem de elites endinheiradas e bem posicionadas na sociedade.

A questão de gênero não é debatida nas escolas. Ao contrario, a Bullyng contra as meninas, assédio sexual e muitas vezes a direção da escola ignora, ou toma atitudes deploráveis como a do Reitor da USP. O dogmatismo religioso, também corrobora com uma cultura de submissão, a mulher como produto de reprodução humana apenas. Ainda temos uma distancia enorme no mercado de trabalho entre homens e mulheres. Elas, as mulheres ganham menos, se submetem a trabalhos sem importância na carreira. Houveram avanços sim.

Porem mesmo com a Lei Maria da Penha, a cada 1 minuto uma mulher é violentada no Brasil. Só as que são vitimas de estupros, chegam á 50 mil a cada ano.

O gesto de Bolsonaro, acompanhado pela cantora Anita e desgraçadamente homologada pelo Reitor da USP, representam simbolicamente um pensamento que coloca a mulher na condição de objeto. E discrimina-la e até estupra-la não da nada não. E só dizer se vale a pena e que ela mereceu.

EM TEMPO: O título deste artigo foi chupado literalmente de uma fala de minha esposa Nadir, que acha Bolsonaro a personificação do Capitão do Mato.


Nenhum comentário:

Postar um comentário