As lutas sociais no Brasil e
no mundo sempre foram tratadas como caso de polícia. A capacidade das elites
dominantes em jogar lideranças dos movimentos sociais na vala comum de
infratores é algo que sempre me surpreendeu.
Na segunda década do século
XX, um presidente brasileiro ao responder a greves e protestos dizia que os
resolvia com repressão, pois as questões sociais eram caso de polícia.
Enfrentamos duas ditaduras: uma civil, de Vargas, e os 21 anos de Regime
Militar. Eram constantes as torturas, a censura, os assassinatos, as prisões e
a criminalização daqueles que lutavam por liberdades democráticas, os tidos
como terroristas.
Na redemocratização não foi
diferente. Greves legítimas e movimentos por direitos eram recebidos a bala e
seus lideres presos e processados como “infratores” na justiça comum e
criminal. Mesmo com o final do regime dos militares, as mortes continuaram.
Lideranças como Chico Mendes e a irmã Doroty foram assassinados exatamente
porque defendiam direitos. A cada luta que é feita no País, parte da mídia e a
direita tratam de criminalizar. Para isso, deturpam o que for necessário. O
discurso de que defensores de direitos humanos protegem bandidos é o cumulo da
truculência digna de regimes de exceção.
Em Limeira não foi e diferente,
em especial no governo do cassado. Não havia diálogo com a sociedade e o
fechamento da administração em relação às organizações populares era
extremamente grande. Mesmo o populismo do prefeito não escondia a aversão dele ao
respeito às lideranças populares e da sociedade civil. O governo tratava a
questão social realmente como caso de policia. Repressão física era uma
constante. Processos contra lideres dos movimentos, que se colocavam contra sua
política de governo, eram rotina.
Mas destaco as campanhas
difamatórias e mentirosas feitas na mídia. Construir uma concepção anti-lutas
sociais é uma frequência em jornais e mídias eletrônicas. De repente uma greve
vira baderna, sinônimo de anarquia, quando na realidade ela só ocorre quando o
empregador rejeita o diálogo ou desrespeita direitos. Ou uma ocupação de terra,
seja no campo ou na cidade, transforma-se em um crime lesa pátria, quando na
verdade o Estado deixa de cumprir seu papel constitucional, o de garantir
cidadania a todos. E terra e moradia são direitos de todos.
O grupo que venceu as eleições
de outubro de 2012 em nossa cidade é oriundo das lutas e dos movimentos sociais
organizados. Durante três décadas, o foco foi a manutenção de direitos e a
melhora na condição e qualidade de viver dos trabalhadores e dos pobres em
geral. Sempre com responsabilidade e consequência, privilegiamos o diálogo e o
debate de ideias. Quando instrumentos oriundos dos movimentos eram utilizados é
porque o lado do poder mostrava sua intransigência em dialogar e sua falta de
sensibilidade com a situação da população.
Fizemos a campanha baseados
em nossa história. Não podemos admitir que agora nos ataquem, explícita ou
implicitamente, com acusações de foras de lei, de criminosos ou, como um
articulista do blog www.jornalistas.blog.br
intitulou, como os Bate Paus chegaram ao Phoder.
O Governo Democrático e
Popular de Paulo Hadich não fará peças de retórica ou factóides de que
privilegiara a participação popular. Isto é e será real. E aí a importância dos
movimentos sociais.
Em certo momento da campanha
eleitoral, durante uma entrevista, o prefeito Hadich foi questionado sobre como
lidaria como possíveis greves do funcionalismo. A resposta dele foi: “Greves,
que greves?”. Elas não ocorreram porque o governo dialoga com os servidores até
a exaustão de forma democrática e republicana mas, caso ocorram, respeitaremos
o direito de manifestação.
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