sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CRIMINALIZAR AS LUTAS SOCIAIS. QUAIS AS RAZÕES?


As lutas sociais no Brasil e no mundo sempre foram tratadas como caso de polícia. A capacidade das elites dominantes em jogar lideranças dos movimentos sociais na vala comum de infratores é algo que sempre me surpreendeu.

Na segunda década do século XX, um presidente brasileiro ao responder a greves e protestos dizia que os resolvia com repressão, pois as questões sociais eram caso de polícia. Enfrentamos duas ditaduras: uma civil, de Vargas, e os 21 anos de Regime Militar. Eram constantes as torturas, a censura, os assassinatos, as prisões e a criminalização daqueles que lutavam por liberdades democráticas, os tidos como terroristas.

Na redemocratização não foi diferente. Greves legítimas e movimentos por direitos eram recebidos a bala e seus lideres presos e processados como “infratores” na justiça comum e criminal. Mesmo com o final do regime dos militares, as mortes continuaram. Lideranças como Chico Mendes e a irmã Doroty foram assassinados exatamente porque defendiam direitos. A cada luta que é feita no País, parte da mídia e a direita tratam de criminalizar. Para isso, deturpam o que for necessário. O discurso de que defensores de direitos humanos protegem bandidos é o cumulo da truculência digna de regimes de exceção.

Em Limeira não foi e diferente, em especial no governo do cassado. Não havia diálogo com a sociedade e o fechamento da administração em relação às organizações populares era extremamente grande. Mesmo o populismo do prefeito não escondia a aversão dele ao respeito às lideranças populares e da sociedade civil. O governo tratava a questão social realmente como caso de policia. Repressão física era uma constante. Processos contra lideres dos movimentos, que se colocavam contra sua política de governo, eram rotina.

Mas destaco as campanhas difamatórias e mentirosas feitas na mídia. Construir uma concepção anti-lutas sociais é uma frequência em jornais e mídias eletrônicas. De repente uma greve vira baderna, sinônimo de anarquia, quando na realidade ela só ocorre quando o empregador rejeita o diálogo ou desrespeita direitos. Ou uma ocupação de terra, seja no campo ou na cidade, transforma-se em um crime lesa pátria, quando na verdade o Estado deixa de cumprir seu papel constitucional, o de garantir cidadania a todos. E terra e moradia são direitos de todos.

O grupo que venceu as eleições de outubro de 2012 em nossa cidade é oriundo das lutas e dos movimentos sociais organizados. Durante três décadas, o foco foi a manutenção de direitos e a melhora na condição e qualidade de viver dos trabalhadores e dos pobres em geral. Sempre com responsabilidade e consequência, privilegiamos o diálogo e o debate de ideias. Quando instrumentos oriundos dos movimentos eram utilizados é porque o lado do poder mostrava sua intransigência em dialogar e sua falta de sensibilidade com a situação da população.

Fizemos a campanha baseados em nossa história. Não podemos admitir que agora nos ataquem, explícita ou implicitamente, com acusações de foras de lei, de criminosos ou, como um articulista do blog www.jornalistas.blog.br intitulou, como os Bate Paus chegaram ao Phoder.

O Governo Democrático e Popular de Paulo Hadich não fará peças de retórica ou factóides de que privilegiara a participação popular. Isto é e será real. E aí a importância dos movimentos sociais.

Em certo momento da campanha eleitoral, durante uma entrevista, o prefeito Hadich foi questionado sobre como lidaria como possíveis greves do funcionalismo. A resposta dele foi: “Greves, que greves?”. Elas não ocorreram porque o governo dialoga com os servidores até a exaustão de forma democrática e republicana mas, caso ocorram, respeitaremos o direito de manifestação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário