terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O QUE É SER PATRIOTA?

Fui acusado na rede social de não ser patriota, por primeiro ser de um partido político, segundo de não rezar a cartilha das mídias que insistem em defender um modelo de País próximo ao que as elites e parte das classes médias adoram. Concentração de renda, privilégios e benesses para os endinheirados e candidatos ao status quo. Fiquei a matutar com meus botões ou meus velcros, sobre esta coisa de Pátria.

Nasci em 1962, dois anos antes do golpe militar de 1964. Fui entender o País e o mundo quando me alfabetizei. Naquele tempo o ensino fundamental era dividido entre o primário e o ginásio. Me lembro que ao chegar a escola, éramos conduzidos até o pateo da escola, a formar uma fila indiana. Lá com as mãozinhas no coração cantávamos o hino nacional, sem entender bulhufas do que se tratava. No final a Diretora da escola fazia seu pronunciamento, quase sempre com broncas e anúncios de proibições, isto não pode, aquilo é proibido e por aí por diante.

Aí íamos para as salas de aula, em fila, quietos, quem ousa-se dar um pio tomava um pito e até um safanão dos antigos inspetores de alunos (X 9). Ao chegar na porta da sala, só entravamos na chegada da Professora. A maioria altiva e imponente, nos convocava a entrar. Porem só nos sentávamos, quando ela permitia. Em pé rezávamos um pai nosso, uma ave Maria, olhando para o retrato do Presidente Militar de Plantão. No currículo, tínhamos a disciplina de Educação Moral e Cívica, um Festival de defesa do tal Patriotismo.
Defender a Pátria nada mais era que respeitar a ordem ditada pelo regime dos Generais. 

Na Televisão, via-se propagandas que caminhavam para este ideário. O lema Brasil: Ame ou Deixe-o, é o retrato desta patriotada sem limites. O recado era exatamente para os que não concordavam, com a repressão, com a censura, com as torturas, com o falso milagre econômico. O Patriotismo da Ditadura Militar, colecionou anos de atraso ao desenvolvimento politico, social e cultural do País.

E hoje escuto e vejo, garotos e garotas, com enorme déficit de leitura, vidrados em uma mídia comprometida com o grande Capital, que vocifera, que ser Patriota é defender politicas de exclusão, de ódio e de segregação. Ser Patriota para muitos desta geração, que varia em média de dezesseis a vinte anos, é condenar o diferente, o contraditório. 
Eleger antigos algozes deles mesmos como ídolos. Ter na agressão física e verbal, a forma de “superar” divergências.

Não há como defender posições tão reacionárias e atrasadas. No Brasil não á Pátria, há povos e suas culturas e Histórias, unificados sim por uma Nação que os acolheu. A Pátria é o lugar que eu vivo. São as gentes que eu convivo. Não são símbolos de uma minoria dominante, que idealizou uma concepção excludente.


Não sou Patriota. Sou Internacionalista. 

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