domingo, 26 de maio de 2013

A QUESTÃO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL- PARTE II

A História de politicas públicas de proteção á adolescentes no Brasil, remete-se aos tempos do Segundo Império, é limitada á escravidão Negra. A primeira lei sobre o assunto esteve garantido na Constituição Federal da época que dizia  “A escrava, durante a prenhez e passado o terceiro mês, não será obrigada a serviços violentos e aturados; no oitavo mês só será ocupada em casa, depois do parto terá um mês de convalescença e, passado este, durante um ano, não trabalhará longe da cria.” Já com a lei do ventre livre e com a abolição da escravatura em 1888, legislações poucas por sinal, foram elaboradas para dar conta de um problema gerado pelo fim da escravidão, crianças e adolescentes abandonados nas ruas.

Uma das “Leis” sobre a infância de maior popularidade na primeira metade do século XX, foi a chamada Roda em que crianças eram abandonadas por pais ou simplesmente deixadas em conventos da época em uma literalmente fresta, em forma de circulo nos prédios das instituições religiosas.  Outras formas foram criadas ao longo do tempo. Mas vai ser a Ditadura Militar que criou a FUNABEM- Fundação Nacional do Bem estar do Menor-, que vai construir um projeto de “proteção”, que na pratica, se mostra ineficiente e vai se constituir nos modelos de internação que começamos a conhecer em São Paulo, as famosas FEBEMs.

Inicialmente a FEBEM, recebia adolescentes carentes e infratores. Na metade dos anos 70, apenas os em conflito com a lei. O modelo decantado pelos governos do Estado, foi se revelando em verdadeiras sucursais do crime, ou escola do crime ou ainda inferno. O Estado na concepção, foi tratando o universo da infância, como embriões da criminalidade. Não havia o ECA ainda, as leis de garantias e de proteção, eram frágeis. As unidades funcionavam com prisões. No livro de José Louzeiro PIXOTE A LEI DO MAIS FRACO, que originou o filme com o mesmo nome, retrata os horrores das unidades, o como as crianças e adolescentes em sua maioria pobres, eram tratadas na FEBEM.

Com o Estatuto e a Constituição de 1988, a infância e a Adolescência, começa a ser politica e responsabilidade do Estado. As chamadas casas de reabilitação, passam a ser espaço para adotar-se medidas socioeducativas, aos garotos e garotas, que cometem infrações e em conflito com a lei. Mesmo assim as sucursais do inferno, as Febens, ainda insistiam em existir em São Paulo. Após as lutas dos Centros de Defesa, de entidades de Direitos Humanos e de outras, que o Governo Tucano, muda a nomenclatura. Hoje são as unidades intituladas de Fundação Casa, uma autarquia. Divulgada com um funcionamento diferente de sua antecessora, a Fundação apresentou apenas uma novidade, a descentralização das unidades. Hoje são dezenas pelo interior, que teoricamente, seriam para atender a demanda dos municípios. Situação que com nossas unidades (são duas em Limeira), isto ainda não vem ocorrendo.

Temos mais de 100 adolescentes cumprindo a medida sócio educativa, no regime de internação. Muitos em locais distantes de nossa cidade, onde as mães e as famílias sequer sabem se existem, além é claro do custo de viagens e demais despesas. Se a ideia é ter as unidades próximas das casas dos internos, não tem sentido que até agora após um mês de inaugurada a Fundação Casa na cidade, nossos adolescentes ainda não estão entre nós.

O Centro de Defesa David Arantes, O CEDECA, esta com uma campanha para trazer nossas crianças para o município. Um abaixo Assinado esta sendo organizado para coleta de assinaturas, o qual disponibilizo, no final deste texto, link para as assinaturas. Ontem durante a 5ª Conferência Municipal das Cidades, o Prefeito Paulo Hadich (PSB), comprometeu-se com o CEDECA, de se empenhar pessoalmente para buscar solução á questão, que para o chefe do Executivo, é ter nossos adolescentes sendo cuidados por nós.

Antes de vociferar que a solução para combater a criminalidade é a redução da maioridade penal, precisamos fazer valer a Lei, o ECA, tratar nossos adolescentes com carinho. Compreender que a adolescência é uma fase da vida, que a questão social influencia no desenvolvimento desta fase. Antes de defender formulas fáceis e cômodas, vamos cumprir nossa parte.


Link do Abaixo Assinado: http://migre.me/eJBGh .

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