O mundo contemporâneo
principalmente no ultimo século, viveu o dilema da intolerância ou tolerância.
Esta linha tênue entre escolher o
caminho do dialogo ou radicalizar sem ao menos dar chance para ouvir, foi a
tônica recorrente no século dos extremos como afirmou o Historiador Inglês Eric
Hobsbawn. Duas Guerras Mundiais, sendo uma delas a mais trágica, ocasionando
extermínio de seres humanos. Inúmeros governos autoritários e sangrentos. O
aumento assustador da linha da pobreza, da violência urbana e no campo.
Politicas econômicas que geraram concentrações imorais de renda. Muros se
criaram, terror de uma guerra fria se verificou por mais de 40 anos.
Neste contexto o mundo
apresentou uma luta de classes, fenômeno já apontado no século anterior pelo
Filosofo Karl Marx, que no século dos extremos se intensificou. Com o conflito
de classes gerado por um sistema injusto de distribuição de renda, alguns
avanços foram detectados. Mesmo com instrumentos de luta, como greves,
manifestações pacificas, ocupações e até guerrilhas, o século XX, terminou com
a humanidade rogando que o caminho, antes de qualquer medida mais extrema é sem
dúvida o dialogo.
Se existe medidas extremas é
porque não ocorre dialogo. Não havendo o dialogo, é natural o conflito e em alguns
casos o caos, como guerras mundiais ou regime de exceção. A velocidade das
informações, em função das novas tecnologias, nos remete a compreender que as
pessoas mudaram, hoje a humanidade esta munida de instrumentos que a levam a
reflexão de quase todos os temas e assuntos. Assim as pessoas conseguem ter
acesso a varias posições sobre diversos temas, em tempo real. O dialogo virtual
e tecnológico é uma realidade, a qual instituições da sociedade civil ainda não
conseguiram interagir e aplicar em suas bases.
As Igrejas e em especial a
Igreja Católica, ainda persistem em se fechar em dogmas, principalmente sua
hierarquia. O anuncio da renuncia do Papa Bento XVI, sem entrar no mérito, abre
um debate, sobre o papel desta instituição no mundo. As fases da Igreja
Católica, principalmente no Século XX, devem ser parâmetro para esta reflexão.
Sua auto critica realizada
no Concilio Vaticano II, nos anos 60, onde ela define unir o espiritual, o
transcendente com o secular, foi sem duvida alguma um grande avanço. Dialogar
com outras seitas, abrir os templos para experiências culturais e Históricas, e
a opção pelos pobres, foi sem dúvida uma reavaliação de vários séculos de
fechamento em uma redoma que em alguns momentos contribuiu para os detentores
do poder econômico.
Em especial na América Latina, na África Negra e na Àsia, a
Igreja do pós Concilio foi o farol de libertação e de construção do Deus vivo e
presente na vida dos pobres. A Teologia da Libertação, concepção que aponta que
o Reino de Deus tem a dimensão do excluído e oprimido, foi durante o papado de
João Paulo II, que esta corrente da Igreja sofreu perseguições inclusive do
atual Papa que a época, presidia a Congregação para a Doutrina da Fé, onde
vários clérigos foram afastados de suas funções, transferidos, dioceses e
paroquias entregues a pastores extremamente conservadores e fechados para o
dialogo.
O Papa Bento, em seus cinco
anos de Papado, continuou o legado de seu antecessor. A Igreja fecha-se cada
vez mais no transcendental e se nega a discutir o atemporal, as coisas do
mundo. Se recusa a debater o uso de anti concepcionais, condena o casamento
civil do mesmo sexo, se fecha para o debate sobre o aborto, bem como não
consagra a mulher como ministro de Deus na terra. Ia me esquecendo, a questão
do celibato, jamais se discutiu a possibilidade de um debate sério. O Teológo
Leornardo Boff, escreveu um belo artigo sobre os desafios do novo papa, do qual
me inspirei para escrever este texto. Acessem vale a pena: http://migre.me/diNb5 .
O Dialogo se faz necessário,
para uma sociedade melhor, mais justa e humana. Penso que só assim resolveremos
os conflitos. E vocês o que acham deste debate? Comentem aqui.
Janjão, Enquanto lia seu texto, fiquei imaginando que o mundo, às vezes, "gira" rápido demais e outras vezes, é lento. Parece que a vida - ou a história(?) possui um tempo próprio e fica a nos surpreender cosntantemente. O tempo nos leva a ter a clareza dos fatos. É claro que o diálogo é sempre imprescindível. E necessário. Certamente a sociedade encontrará seu próprio ritmo de progresso. E a democracia (respeito por opiniões divergentes) ainda permanece sendo a melhor cartilha para nos orientar.
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